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Desabotoar meus sentimentos.
Eu soube que estava apaixonada quando eu percebi que só de
lembrar dele eu perco o sono e sinto uma urgência de tá perto, sem tempo pra
esperar como quem se contenta com um amor mal-feito mesmo, como se o que eu
sinto por ele me agarra pela traqueia e me deixa sem ar.
As vezes acho que meus sinais de nascença se ligam com as cicatrizes
que tenho e formam o nome dele na minha pele, como que querendo bordar de forma
menos dolorosa que uma tatuagem o registro de quem consegue desabotoar meus
sentimentos e me deixar mansa e desajuizada. Porque às vezes minhas pernas
tremem e eu sinto uma fraqueza querendo que ele cuide de mim, e se for da mesma
forma como ele cuida dos seus bonsais quase-mortos, eu não me importo, porque
sem ele meu corpo inteiro dói e meu coração arde em febre.
Eu me apaixonei direto e sem escalas pelo castanho dos seus
olhos e pelo seu jeito de nunca me declamar poemas, mas desata-los dentro de
mim. E toda vez que eu o vejo, meu
cérebro me avisa de um encontro amoroso, que às vezes minha falta de atenção ou
meus cabelos mal cortados atrapalham, e parece que eu quero assusta-lo com
minha descortesia, mas na verdade eu quero exagerar o tamanho da Lua e dizer
que meu amor por ele é do tamanho dela, quero gastar meus sins preciosos pra
cada proposta boba que ele fizer e quando estiver frio quero que ele me dê seu
casaco tamanho 'M' em troca da minha boca quente.
Rosely Lúcio A paisagem onde eu sobrevoo
Tem gente que me faz pegar o lápis, e não sei se pinto os
olhos ou se escrevo, mas tem gente que vale tanto que o dicionário não dá
conta.
Eu andei pensando que amizade é uma palavra que não comporta
todo meu sentimento, é por isso que gente bonita entra na minha vida, porque eu
só preciso de ajuda pra sentir, pra dividir e deixar tudo na medida certa. As
vezes meu coração cria uma vontade imensa de enfiar aquela pessoa que eu gosto
dentro da gaveta arrumada, com cheiro de primavera, e sempre que eu quisesse
saber dela bastava abrir o guarda-roupa, talvez essa vontade nasça porque nunca
me conformo com essas idas constantes de quem me cativa, porque nunca me
conformo com a impossibilidade de dar sempre que eu quiser um abraço forte e
demorado, mas é que não é justo não ter sempre junto quem consegue transformar
dias ensopados pela chuva em um nascer-do-sol na praia, é que tem pessoas que
eu quero não só quando a vida tá doce, essas pessoas que são peritas em fazer
falta, e que não sabem que são a paisagem onde eu sobrevoo, que elas
encopridam minhas alegrias, que a saudade me visita hoje e vai me revisitar
amanhã, e que é sempre assim nos dias que estou(estão) longe.
Rosely Lúcio
Nota de rodapé: Feito especialmente pra um cara que me inspira a acreditar em novas amizades, Avner.
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Numa xícara de chá
Meu nome todo é Rosely Lúcio da Silva, sempre fui uma apaixonada e por coincidência nasci no dia dos namorados, numa madrugada de sexta-feira. Tenho pouca idade e um amor de mais de dois anos, sou boba, inteira e sempre transborda pelos meus poros toda doçura que meu coração guarda. Me interesso por fotografia, química, literatura, chocolate, sorrisos, e principalmente, me interesso pelo lado de dentro, pelo que as pessoas têm na alma. Gosto de ler esses escritores contemporâneos, muitos deles me inspiram, mas na realidade prefiro os mais velhos, os que só existem nos textos e nos livros, Cecilia Meireles, por exemplo, é minha preferencia, acima de qualquer outra. Adoro a musica popular brasileira, gosto dessa geração da nova MPB, mas a Bossa Nova me deixa inebriada. Gosto de tranquilidade, de verde, do som dos pássaros soltos, de jardins, de cartas perfumadas, das flores de abril, dos idosos contando a mesma história pela 37ª vez e das idosas preparando a comida e ensinando os mais novos a tricotar, gosto do sorriso nos olhos dos jovens apaixonados, dos que ainda estão no primeiro amor, gosto de como as crianças ficam contentes com qualquer objeto chacoalhado na sua frente, gosto de gente que fica, que se compromete e não vai embora, gente de palavra que cumpre o que diz a qualquer custo, gosto de calor na praia e frio quando tenho alguém pra me aconchegar, nem sempre consigo ser clara, me fazer entender, nem mesmo nos meus textos, na realidade, eu mesma não sou fácil de ser lida, mas com um pouco de prática dá pra tirar de letra, gosto de sorrir a beça e dizem que tenho voz de criança, sou convicta quando discuto com alguém, mas sou tão boba que é quase impossível eu ficar chateada por muito tempo, sou ora doce, ora salgada, já me definiram como agridoce e acho que não tem palavra que me defina melhor, sou sociável, apaixonada, sorridente, inquieta e fã de pão de queijo quentinho.
Desabotoar meus sentimentos.
Eu soube que estava apaixonada quando eu percebi que só de
lembrar dele eu perco o sono e sinto uma urgência de tá perto, sem tempo pra
esperar como quem se contenta com um amor mal-feito mesmo, como se o que eu
sinto por ele me agarra pela traqueia e me deixa sem ar.
As vezes acho que meus sinais de nascença se ligam com as cicatrizes
que tenho e formam o nome dele na minha pele, como que querendo bordar de forma
menos dolorosa que uma tatuagem o registro de quem consegue desabotoar meus
sentimentos e me deixar mansa e desajuizada. Porque às vezes minhas pernas
tremem e eu sinto uma fraqueza querendo que ele cuide de mim, e se for da mesma
forma como ele cuida dos seus bonsais quase-mortos, eu não me importo, porque
sem ele meu corpo inteiro dói e meu coração arde em febre.
Eu me apaixonei direto e sem escalas pelo castanho dos seus
olhos e pelo seu jeito de nunca me declamar poemas, mas desata-los dentro de
mim. E toda vez que eu o vejo, meu
cérebro me avisa de um encontro amoroso, que às vezes minha falta de atenção ou
meus cabelos mal cortados atrapalham, e parece que eu quero assusta-lo com
minha descortesia, mas na verdade eu quero exagerar o tamanho da Lua e dizer
que meu amor por ele é do tamanho dela, quero gastar meus sins preciosos pra
cada proposta boba que ele fizer e quando estiver frio quero que ele me dê seu
casaco tamanho 'M' em troca da minha boca quente.
Rosely Lúcio
A paisagem onde eu sobrevoo
Tem gente que me faz pegar o lápis, e não sei se pinto os
olhos ou se escrevo, mas tem gente que vale tanto que o dicionário não dá
conta.
Eu andei pensando que amizade é uma palavra que não comporta
todo meu sentimento, é por isso que gente bonita entra na minha vida, porque eu
só preciso de ajuda pra sentir, pra dividir e deixar tudo na medida certa. As
vezes meu coração cria uma vontade imensa de enfiar aquela pessoa que eu gosto
dentro da gaveta arrumada, com cheiro de primavera, e sempre que eu quisesse
saber dela bastava abrir o guarda-roupa, talvez essa vontade nasça porque nunca
me conformo com essas idas constantes de quem me cativa, porque nunca me
conformo com a impossibilidade de dar sempre que eu quiser um abraço forte e
demorado, mas é que não é justo não ter sempre junto quem consegue transformar
dias ensopados pela chuva em um nascer-do-sol na praia, é que tem pessoas que
eu quero não só quando a vida tá doce, essas pessoas que são peritas em fazer
falta, e que não sabem que são a paisagem onde eu sobrevoo, que elas
encopridam minhas alegrias, que a saudade me visita hoje e vai me revisitar
amanhã, e que é sempre assim nos dias que estou(estão) longe.
Rosely Lúcio
Nota de rodapé: Feito especialmente pra um cara que me inspira a acreditar em novas amizades, Avner.
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