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Como se seu time jogasse sem centroavante
Passaram juntos 6 ininterruptos anos, até o dia em que a porta se fechou, deixando apenas um do lado de dentro e dando fim ao que não deveria ter fim.
Ela passou bem, achando que 'bem' era ter um gatilho na garganta e um vulcão dentro do peito; o céu dele desbotou e o ar alfinetava seus pulmões, parecia tortura respirar. Começaram a achar que amor é coisa de gente que tem tempo pra pensar nele, mas ficaram com tempo de sobra. Ela não fazia nada durante o dia mas tinha o humor de quem sai tarde do trabalho, encara transito, pega fila e tá com a casa em reforma. Ele deixou de acreditar em Teoremas, porque o que existia entre os dois era como se fosse um.
A ideia de liberdade era boa, ele poderia ligar para uma garota de programa, não se preocupar em esconder seus pornôs e ela poderia ir a farra e conhecer novos braços musculosos. Mas ela tem medo de encontrar alguém, envelhecer com esse alguém e jantarem juntos num restaurante no aniversário de 15 anos de casamento, olhar pra mesa ao lado e ver um casal iniciante, muito mais feliz e vivaz que ela em seu relacionamento, olhar pro seu parceiro e perceber ele desejando um traseiro mais durinho; ele tem medo de encontrar alguém inteligente demais, burra demais, magra demais, gorda demais, perfeita demais, defeituosa demais, porque o que ele quer é alguém que não existe (ou que já existiu). Todos os lugares que estiveram juntos triplicou de espaço desde que ela começou a ir sozinha e o tempo livre que ele tinha pros torneios de playstation virou todo tempo do mundo.
Ela tenta se contentar porque é como dizem: “dói, mas passa”, mas a inicial do nome dele ainda a incomoda, ela finge, mas não sabe nem como agir, é como se seu time jogasse sem centroavante. Ele ainda não imagina, mas pra ele, ela sempre vai ser a garota dele. Eles não sabem se é amor ou apego, se é amor ou medo de ficar só, só sabem que tudo, tudo e tudo é vontade de se fazer feliz.
Eles nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos.
Rosely Lúcio
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Numa xícara de chá
Meu nome todo é Rosely Lúcio da Silva, sempre fui uma apaixonada e por coincidência nasci no dia dos namorados, numa madrugada de sexta-feira. Tenho pouca idade e um amor de mais de dois anos, sou boba, inteira e sempre transborda pelos meus poros toda doçura que meu coração guarda. Me interesso por fotografia, química, literatura, chocolate, sorrisos, e principalmente, me interesso pelo lado de dentro, pelo que as pessoas têm na alma. Gosto de ler esses escritores contemporâneos, muitos deles me inspiram, mas na realidade prefiro os mais velhos, os que só existem nos textos e nos livros, Cecilia Meireles, por exemplo, é minha preferencia, acima de qualquer outra. Adoro a musica popular brasileira, gosto dessa geração da nova MPB, mas a Bossa Nova me deixa inebriada. Gosto de tranquilidade, de verde, do som dos pássaros soltos, de jardins, de cartas perfumadas, das flores de abril, dos idosos contando a mesma história pela 37ª vez e das idosas preparando a comida e ensinando os mais novos a tricotar, gosto do sorriso nos olhos dos jovens apaixonados, dos que ainda estão no primeiro amor, gosto de como as crianças ficam contentes com qualquer objeto chacoalhado na sua frente, gosto de gente que fica, que se compromete e não vai embora, gente de palavra que cumpre o que diz a qualquer custo, gosto de calor na praia e frio quando tenho alguém pra me aconchegar, nem sempre consigo ser clara, me fazer entender, nem mesmo nos meus textos, na realidade, eu mesma não sou fácil de ser lida, mas com um pouco de prática dá pra tirar de letra, gosto de sorrir a beça e dizem que tenho voz de criança, sou convicta quando discuto com alguém, mas sou tão boba que é quase impossível eu ficar chateada por muito tempo, sou ora doce, ora salgada, já me definiram como agridoce e acho que não tem palavra que me defina melhor, sou sociável, apaixonada, sorridente, inquieta e fã de pão de queijo quentinho.
Como se seu time jogasse sem centroavante
Passaram juntos 6 ininterruptos anos, até o dia em que a porta se fechou, deixando apenas um do lado de dentro e dando fim ao que não deveria ter fim.
Ela passou bem, achando que 'bem' era ter um gatilho na garganta e um vulcão dentro do peito; o céu dele desbotou e o ar alfinetava seus pulmões, parecia tortura respirar. Começaram a achar que amor é coisa de gente que tem tempo pra pensar nele, mas ficaram com tempo de sobra. Ela não fazia nada durante o dia mas tinha o humor de quem sai tarde do trabalho, encara transito, pega fila e tá com a casa em reforma. Ele deixou de acreditar em Teoremas, porque o que existia entre os dois era como se fosse um.
A ideia de liberdade era boa, ele poderia ligar para uma garota de programa, não se preocupar em esconder seus pornôs e ela poderia ir a farra e conhecer novos braços musculosos. Mas ela tem medo de encontrar alguém, envelhecer com esse alguém e jantarem juntos num restaurante no aniversário de 15 anos de casamento, olhar pra mesa ao lado e ver um casal iniciante, muito mais feliz e vivaz que ela em seu relacionamento, olhar pro seu parceiro e perceber ele desejando um traseiro mais durinho; ele tem medo de encontrar alguém inteligente demais, burra demais, magra demais, gorda demais, perfeita demais, defeituosa demais, porque o que ele quer é alguém que não existe (ou que já existiu). Todos os lugares que estiveram juntos triplicou de espaço desde que ela começou a ir sozinha e o tempo livre que ele tinha pros torneios de playstation virou todo tempo do mundo.
Ela tenta se contentar porque é como dizem: “dói, mas passa”, mas a inicial do nome dele ainda a incomoda, ela finge, mas não sabe nem como agir, é como se seu time jogasse sem centroavante. Ele ainda não imagina, mas pra ele, ela sempre vai ser a garota dele. Eles não sabem se é amor ou apego, se é amor ou medo de ficar só, só sabem que tudo, tudo e tudo é vontade de se fazer feliz.
Eles nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos.
Rosely Lúcio
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