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Vi nisso.
14 de setembro de 2013 | 21:25 | Link do post | 0 comments

Vinicius falou que o poeta disse
que vale até o amor que não compensa
Vi nisso que poeta também erra, visse?

Eu não consigo entender o pressentimento
do meu eu consigo mesmo, cheio de pleonasmo.
é que nem sempre o coração pensa pra sentimento.

Eu não consigo,
nem contigo,
nem com rimas
nem rir mais
é como se eu tivesse levado castigo.

O injusto é que me tiraram o enredo da trama
então se eu te feri mais do que curei, cê me diz?
ou faz que nem na música, e perdoa o drama
porque disso eu tenho certeza, eu fiz.

Rosely Lúcio
Um rabisco de porta.
11 de setembro de 2013 | 13:04 | Link do post | 0 comments

Essa manhã eu me olhei no espelho, e pra você que levanta atrasado tropeçando nas calças ao se vestir pra correr pro trabalho, deve saber o que é ter dó da aparência mal cuidada que as pessoas da rua verão, mas, me olhei no espelho, e além da cara amassada igual tecido mal dobrado, além do cabelo de quem leva um choque de mil volts, além dos olhos cheios de um tipo de cola super bonder de quem dormiu mal e não descansou o suficiente, eu tive o desprazer de ver meu reflexo cansado e atrasado com pena de mim, e não por não ter dado atenção ao despertador, mas porque já dá pra ver o salto agulha sambando no meu coração, meu reflexo me olha quase que querendo extrair uns trocados de mim. Tá parecendo que minha vida pegou resfriado e me indicaram o remédio errado com uma bula inexistente, é como se eu tivesse alfinetes na minha corrente sanguínea.
A vontade minha é de ir num bar qualquer, e já que não tomo álcool, pedir uma dose bem dada de morfina, mas não me servem isso, não entendem que dor sentimental vira dor física e fere. Acho que já tá na hora de inventarem anestesia contra dores do coração, vamos lá cientistas, eu até arrumo os ratinhos brancos pros experimentos.
Bem que a cartomante disse que meu destino não seria fácil, o universo resolveu me testar pra ver até onde aguento. Eu penso que, em tempos onde a superficialidade, o mau amor, onde a efemeridade domina, eu prefiro pensar que estar sozinha é estado de paz. Eu rezo preu não permitir que uma desilusão ou outra me afaste dos sonhos bons, rezo preu ter coragem de sair lá fora e conviver com esse bando de gente que não me compreende e não me entregar ao desânimo que essas dores constantes e agressivas me causam.
Não sou lá de desabafar, falar com ninguém, me abrir é coisa rara, não me sinto a vontade em dizer o que to sentindo porque as pessoas iriam fingir um 'interesse cansado, rápido e bucólico', e a falta de interesse verdadeiro me aborrece, cê vê, os mortos recebem mais flores que os vivos, ninguém tá muito aí pra existência alheia, e se já sinto meus dramas chorosos, não vou querer compartilhar com essa falta de confiança. Não quero ninguém me mostrando o quanto sou insuficiente, o quanto minha fraqueza me enfraquece.
A pior coisa que tem é se sentir como um rabisco de porta de banheiro público, acredite, é ruim demais se sentir um desastre do sentimento, "é como se a existência não fosse suportável", dá vontade de explodir metade do mundo pra torná-lo mais fácil de enfrentar, que já não tem entretenimento que me divirta, to pensando em começar a apostar em cavalos, ou ficar trocando de canal na tv pra sempre, é que me faz falta sorrir com gosto de sorvete de creme no verão, está bem que acordei assim hoje, e de repente, na semana passada eu ria para as folhas dançando ao caírem, mas, eu só queria que durasse, e meu espelho disse que não durou.

Rosely Lúcio

Nota de rodapé: queria ficar em casa mas vou ter que sair, não tá cabendo eu e a saudade no meu quarto.
Como se seu time jogasse sem centroavante
4 de julho de 2013 | 14:37 | Link do post | 0 comments

Passaram juntos 6 ininterruptos anos, até o dia em que a porta se fechou, deixando apenas um do lado de dentro e dando fim ao que não deveria ter fim.
Ela passou bem, achando que 'bem' era ter um gatilho na garganta e um vulcão dentro do peito; o céu dele desbotou e o ar alfinetava seus pulmões, parecia tortura respirar. Começaram a achar que amor é coisa de gente que tem tempo pra pensar nele, mas ficaram com tempo de sobra. Ela não fazia nada durante o dia mas tinha o humor de quem sai tarde do trabalho, encara transito, pega fila e tá com a casa em reforma. Ele deixou de acreditar em Teoremas, porque o que existia entre os dois era como se fosse um.
A ideia de liberdade era boa, ele poderia ligar para uma garota de programa, não se preocupar em esconder seus pornôs e ela poderia ir a farra e conhecer novos braços musculosos. Mas ela tem medo de encontrar alguém, envelhecer com esse alguém e jantarem juntos num restaurante no aniversário de 15 anos de casamento, olhar pra mesa ao lado e ver um casal iniciante, muito mais feliz e vivaz que ela em seu relacionamento, olhar pro seu parceiro e perceber ele desejando um traseiro mais durinho; ele tem medo de encontrar alguém inteligente demais, burra demais, magra demais, gorda demais, perfeita demais, defeituosa demais, porque o que ele quer é alguém que não existe (ou que já existiu). Todos os lugares que estiveram juntos triplicou de espaço desde que ela começou a ir sozinha e o tempo livre que ele tinha pros torneios de playstation virou todo tempo do mundo.
Ela tenta se contentar porque é como dizem: “dói, mas passa”, mas a inicial do nome dele ainda a incomoda, ela finge, mas não sabe nem como agir, é como se seu time jogasse sem centroavante. Ele ainda não imagina, mas pra ele, ela sempre vai ser a garota dele. Eles não sabem se é amor ou apego, se é amor ou medo de ficar só, só sabem que tudo, tudo e tudo é vontade de se fazer feliz.
Eles nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos.

Rosely Lúcio

Seu tom combina com meu ritmo
11 de outubro de 2012 | 18:49 | Link do post | 0 comments

Não sei você, mas eu nunca achei que combinaria se eu te olhasse como Caetano e você me olhasse como Engenheiros do Hawaii.
Para desentristecer meu coração tão só, basta encontrar você no caminho; eu tenho muitos amigos, tenho discos e livros, mas quando eu mais preciso eu só tenho você. Mas combina tanto que eu já nem lembro da minha trilha sonora antes de você entrar no meu trilho.
Hoje você me aparece, de barba mal feita, gel no cabelo e com o sorriso sem esforço do primeiro dia, o mesmo que me fez perder a matéria de Cálculo e que ainda me deixa nervosa e com as mãos transpirando, o mesmo sorriso que me faz cantarolar mentalmente um monte de notas que não existem, mas é que seu tom combina com meu ritmo, seu Gessinger combina com meu Veloso.

Rosely Lúcio
Sorriso improvisado
17 de junho de 2012 | 20:17 | Link do post | 1 comments


Eu passei a vida cruzando esquinas procurando alguém que não era você, até ser você a pessoa que me fez perceber que eu não tinha nada porque quando te conheci descobri que faltava tudo. E mesmo que ficar contigo na teoria seja mais doce do que na prática eu não ligo, até porque tentar te esquecer é que nem me enxugar com toalha molhada.
E sobre o amor, eu que não era dessas coisas, me vi querendo discutir Rita Lee e sua mania de dobrar o dedo mindinho quando pega na minha mão. Se eu digo que estou menos meiga, menos delicada, você diz que estou mais racional, só pra me corrigir e isso me faz dar um sorriso improvisado, meio que sem querer, o que me faz perceber que te amar não é difícil, aliás, é tudo que eu sei; aí me dá vontade de ficar sozinha só pra ver se você vai ou se fica, mas você ainda tá aqui, me deixando com esterilidade literária, mas eu lembro que o que eu tenho pra te dar é amor, e não palavras. E eu te amo, mesmo sem estar olhando nos seus olhos.

Rosely Lúcio
Desabotoar meus sentimentos.
30 de março de 2012 | 19:20 | Link do post | 1 comments


Eu soube que estava apaixonada quando eu percebi que só de lembrar dele eu perco o sono e sinto uma urgência de tá perto, sem tempo pra esperar como quem se contenta com um amor mal-feito mesmo, como se o que eu sinto por ele me agarra pela traqueia e me deixa sem ar.
As vezes acho que meus sinais de nascença se ligam com as cicatrizes que tenho e formam o nome dele na minha pele, como que querendo bordar de forma menos dolorosa que uma tatuagem o registro de quem consegue desabotoar meus sentimentos e me deixar mansa e desajuizada. Porque às vezes minhas pernas tremem e eu sinto uma fraqueza querendo que ele cuide de mim, e se for da mesma forma como ele cuida dos seus bonsais quase-mortos, eu não me importo, porque sem ele meu corpo inteiro dói e meu coração arde em febre.
Eu me apaixonei direto e sem escalas pelo castanho dos seus olhos e pelo seu jeito de nunca me declamar poemas, mas desata-los dentro de mim.  E toda vez que eu o vejo, meu cérebro me avisa de um encontro amoroso, que às vezes minha falta de atenção ou meus cabelos mal cortados atrapalham, e parece que eu quero assusta-lo com minha descortesia, mas na verdade eu quero exagerar o tamanho da Lua e dizer que meu amor por ele é do tamanho dela, quero gastar meus sins preciosos pra cada proposta boba que ele fizer e quando estiver frio quero que ele me dê seu casaco tamanho 'M' em troca da minha boca quente.

Rosely Lúcio
A paisagem onde eu sobrevoo
12 de março de 2012 | 19:33 | Link do post | 1 comments


Tem gente que me faz pegar o lápis, e não sei se pinto os olhos ou se escrevo, mas tem gente que vale tanto que o dicionário não dá conta.
Eu andei pensando que amizade é uma palavra que não comporta todo meu sentimento, é por isso que gente bonita entra na minha vida, porque eu só preciso de ajuda pra sentir, pra dividir e deixar tudo na medida certa. As vezes meu coração cria uma vontade imensa de enfiar aquela pessoa que eu gosto dentro da gaveta arrumada, com cheiro de primavera, e sempre que eu quisesse saber dela bastava abrir o guarda-roupa, talvez essa vontade nasça porque nunca me conformo com essas idas constantes de quem me cativa, porque nunca me conformo com a impossibilidade de dar sempre que eu quiser um abraço forte e demorado, mas é que não é justo não ter sempre junto quem consegue transformar dias ensopados pela chuva em um nascer-do-sol na praia, é que tem pessoas que eu quero não só quando a vida tá doce, essas pessoas que são peritas em fazer falta, e que não sabem que são a paisagem onde eu sobrevoo, que elas encopridam minhas alegrias, que a saudade me visita hoje e vai me revisitar amanhã, e que é sempre assim nos dias que estou(estão) longe.

Rosely Lúcio

Nota de rodapé: Feito especialmente pra um cara que me inspira a acreditar em novas amizades,  Avner.

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