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Toneladas desnecessárias
É bobagem viajar com muita bagagem, afinal a gente sempre acaba comprando uma coisa ou outra pelo caminho, só se leva o indispensável, o utilizado, o necessário, não é necessário ficar corcunda por carregar malas pesadas, o coração é assim também, tem muita gente que só ocupa espaço e não dá nem pra dobrar, pra imprensar, pra dar aquele jeitinho, ficar sustentando maus inquilinos dentro de si é ruim, dói, retrai e faz mal a saúde, tem gente que finge preocupação mas quando você vai desabafar ela sai de fininho, diz que tem outros afazeres, tem aqueles que ainda te ouvem mas arrumam uma desgraça maior pra jogar em cima de você e dizer que tá sofrendo mais, tem também os que fazem questão de dizer que são melhores, que tem uma televisão maior, um guarda-roupa maior, um porta-chapéu maior (...), tem gente que diz que te adora, vive de sorrisos mas não pensa duas vezes em se afastar caso você não empreste o casaco, essas pessoas pesam toneladas desnecessárias e as vezes o coração acaba rejeitando novos hospedes por falta de espaço, ninguém consegue viver no abafado, e é por aí que a gente perde gente fina pra morar dentro de nós.
Nosso coração é feito cartola de mágico, cabe de tudo, mas é sempre bom tirar um coelho ou outro pra dar mais espaço.
Rosely Lúcio
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Numa xícara de chá
Meu nome todo é Rosely Lúcio da Silva, sempre fui uma apaixonada e por coincidência nasci no dia dos namorados, numa madrugada de sexta-feira. Tenho pouca idade e um amor de mais de dois anos, sou boba, inteira e sempre transborda pelos meus poros toda doçura que meu coração guarda. Me interesso por fotografia, química, literatura, chocolate, sorrisos, e principalmente, me interesso pelo lado de dentro, pelo que as pessoas têm na alma. Gosto de ler esses escritores contemporâneos, muitos deles me inspiram, mas na realidade prefiro os mais velhos, os que só existem nos textos e nos livros, Cecilia Meireles, por exemplo, é minha preferencia, acima de qualquer outra. Adoro a musica popular brasileira, gosto dessa geração da nova MPB, mas a Bossa Nova me deixa inebriada. Gosto de tranquilidade, de verde, do som dos pássaros soltos, de jardins, de cartas perfumadas, das flores de abril, dos idosos contando a mesma história pela 37ª vez e das idosas preparando a comida e ensinando os mais novos a tricotar, gosto do sorriso nos olhos dos jovens apaixonados, dos que ainda estão no primeiro amor, gosto de como as crianças ficam contentes com qualquer objeto chacoalhado na sua frente, gosto de gente que fica, que se compromete e não vai embora, gente de palavra que cumpre o que diz a qualquer custo, gosto de calor na praia e frio quando tenho alguém pra me aconchegar, nem sempre consigo ser clara, me fazer entender, nem mesmo nos meus textos, na realidade, eu mesma não sou fácil de ser lida, mas com um pouco de prática dá pra tirar de letra, gosto de sorrir a beça e dizem que tenho voz de criança, sou convicta quando discuto com alguém, mas sou tão boba que é quase impossível eu ficar chateada por muito tempo, sou ora doce, ora salgada, já me definiram como agridoce e acho que não tem palavra que me defina melhor, sou sociável, apaixonada, sorridente, inquieta e fã de pão de queijo quentinho.
Toneladas desnecessárias
É bobagem viajar com muita bagagem, afinal a gente sempre acaba comprando uma coisa ou outra pelo caminho, só se leva o indispensável, o utilizado, o necessário, não é necessário ficar corcunda por carregar malas pesadas, o coração é assim também, tem muita gente que só ocupa espaço e não dá nem pra dobrar, pra imprensar, pra dar aquele jeitinho, ficar sustentando maus inquilinos dentro de si é ruim, dói, retrai e faz mal a saúde, tem gente que finge preocupação mas quando você vai desabafar ela sai de fininho, diz que tem outros afazeres, tem aqueles que ainda te ouvem mas arrumam uma desgraça maior pra jogar em cima de você e dizer que tá sofrendo mais, tem também os que fazem questão de dizer que são melhores, que tem uma televisão maior, um guarda-roupa maior, um porta-chapéu maior (...), tem gente que diz que te adora, vive de sorrisos mas não pensa duas vezes em se afastar caso você não empreste o casaco, essas pessoas pesam toneladas desnecessárias e as vezes o coração acaba rejeitando novos hospedes por falta de espaço, ninguém consegue viver no abafado, e é por aí que a gente perde gente fina pra morar dentro de nós.
Nosso coração é feito cartola de mágico, cabe de tudo, mas é sempre bom tirar um coelho ou outro pra dar mais espaço.
Rosely Lúcio
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